Onde Lucrécia conhece Spanokopita e Portokalopita ali para os lados da Estrela
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Húmus de brócolos |
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Spanakopita |
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Portokalopita |
Desde
que Lisboa voltou a ser uma capital cosmopolita os autóctones passaram a não ter descanso. Nada contra a cidade ser um ponto de encontro de gentes de
todo o mundo, mas, para além das ruas centrais apinhadas de gente e da promoção
dos TVDE a instituição nacional, jantar fora em Lisboa tornou-se uma missão
quase impossível. Restaurantes não faltam, diga-se. Mas conseguir lugar sem
reserva é como nos sair a sorte grande. E isto é válido quer para os restaurantes
da moda (tantas vezes com fama e nós, indo lá, sentindo pouco proveito), como para as
pequenas tascas de bairro (afinal, o último reduto típico da cidade, com visita
mais do que justificada pelas hordas de simpáticos e esfaimados turistas).
Foi por isso uma agradável surpresa jantar, sem reserva e sem reservas, no Kefi Greek Bistro. O
restaurante fica perto da Basílica da Estrela. É um espaço decorado em tons
claros e estilo moderno, mas que pode bem passar por um restaurante de bairro. A
frequência oscila entre os locais e estrangeiros, bem como forasteiros (como
esta escriba) a quem um inesperado passeio nocturno pela cidade ali trouxe. O
serviço é simpático e, apesar de estar habituado a clientes com reserva, facilmente encontrou solução para quem apareceu de modo inesperado.
O
menu?
Bom,
é variado e com a vantagem de ser grandemente saudável, como se espera
de um dos melhores exemplos de alimentação mediterrânea. Afinal, os gregos sabem mais do que filosofar. Também cozinham e bem!
Começámos por um húmus de brócolos tão suave e saboroso que teria convertido a criança que fui àquele vegetal, poupando horas de combate lá em casa. A ementa é composta de pratos de carne e de peixe, tendo ainda opções vegetarianas. Optei por um prato chamado “spanakopita”. Este nome de código esconde a maravilhosa tarte de espinafres com feta e nozes banhada em molho de vinho e tomate seco. Percebo bem o encanto de Zeus pelos gregos! Quem inventa esta delícia merece bem ser premiado com acesso ao Mar Egeu e a todas maravilhosas ilhas que o salpicam como diamantes espalhados num manto turquesa aveludado. Seguimos para tarefa espinhosa: escolher de entre as sobremesas a que será eleita para findar esta refeição. Para além dos tradicionais dónutes gregos (que me espreitaram atrevidos), a ementa alberga outras delícias, como a tarte de laranja com iogurte e canela que responde pelo nome de “Portokalopolita”. Foi ela a escolhida, uma opção que tem o seu quê de nostálgico. Em miúda, a minha mãe fazia-me bolo de laranja com uma certa frequência (tal como bolo de maçã ou de iogurte, clássicos, afinal). Tudo isto foi regado com um generoso e leve vinho branco grego que trouxe para a mesa e tornou urgente o tema "férias".
Não surpreende que nas noites seguintes me tenha sonhado algures numa ilha grega, como uma Durrell dos nossos dias, dividida entre mergulhos, contemplações poéticas de finais de dia e deliciosas iguarias locais que alguém me fazia chegar! Quem? Não sei e não me interessa. É essa a beleza dos sonhos, não é?
De volta à realidade, o jantar no Kéfi foi uma forma inesperada e altamente
recomendável de terminar o dia na babilónia lusitana!
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