Onde Lucrécia conhece Spanokopita e Portokalopita ali para os lados da Estrela

Ramen.

Não faço a mais pequena ideia de quando ouvi, pela primeira vez, falar de Ramen, porém, recordo-me que os meus sentimentos foram bastante contraditórios.

Ou seja, a minha primeira percepção foi que nunca deveria convidar alguém para um jantar romântico que envolvesse Ramen pois, comer Ramen corresponde a um exercício muito pouco romântico.

Desde o som que fazemos em cada colherada (tipo "sluuurrppp") até às inevitáveis nódoas causadas por cada tentativa de comer a massa/carne que se encontra a boiar no dito.

Enfim, comer Ramen na presença da pessoa de quem se gosta pressupõe muita confiança e segurança pois, nem todos gostam de ver alguém, em quem se está interessado, a debater-se com uma sopa carregada de massa, carne de porco, ou outras "cenas" maradas, apenas munido com uma colher minúscula e um par de pauzinhos chineses enquanto faz sons estranhos ("sluurrrpp" outra vez ...) e enquanto procura não sujar tudo à sua volta.

A primeira experiência de Gungunhana com Ramen foi no "Pho", restaurante vietnamita na Rua do Benformoso (sim, essa rua, a da rusga ... a dos "encostados à parede"). Tasca que não aceitava reservas e na qual, com 12 euros se fazia festa. Aliás lembro-me de perguntar à velhota vietnamita o que eram aquelas "bolas" de carne que boiavam no nosso Ramen, ao qual ela me respondeu que era "boi". Perguntei-lhe, em tom jocoso, sobre qual seria a parte do boi a que ela se estava a referir ao qual ela me respondeu com uma sonora gargalhada (os vietnamitas têm sentido de humor, nitidamente...).

Bem, tudo isto para falar do "Sogoi", no Marvila 8.

Um Ramen fabuloso, tão bom que todos os inconvenientes de comer Ramen, numa refeição romântica, desaparecem.

Aqueles tipos conseguiram criar um Ramen "à bulhão pato" que roça os limites da obscenidade, entre muitos outros.

Foi terapia em forma de sopa.

Freud, se provasse este Ramen estenderia os limites da psicanálise.

Por isso, confiem em Gungunhana.

"Sogoi".

Marvila 8.