Chocolate, chocolate, eu só quero chocolate ...


     Chocolate, chocolate … eu só quero chocolate, não adianta vir com guaraná para mim é chocolate o que eu quero beber … . Como Montezuma (imperador asteca que, dizem, o bebia de um tijela feita em ouro, com uma pitada de malagueta), Marisa só quer saber de chocolate. Como não simpatizar com o seu desejo quando a ouvimos apregoar o seu amor ao theobrama cacao, como Lineu o baptizou?

            Theobrama significa literalmente alimento dos deuses e. na verdade, é de uma porta de entrada para o divino que estamos a falar quando comemos um quadradinho de chocolate (ou talvez um pouco mais, confessemos). Oriundo da América Latina, os espanhóis descobriram-no e trouxeram a boa nova para a Europa. Da corte de Madrid (onde se tornou a bebida da moda) o chocolate invadiu as várias Cortes europeias sem dificuldade, muito graças à política de casamentos da família real espanhola. A popularidade foi tal que os governos acabaram por reduzir o valor dos impostos sobre o cacau permitindo que também os menos abonados pudessem provar essa pequena grande maravilha. Hoje, se consumido com moderação, não restam dúvidas de que o chocolate em nada prejudica a saúde humana. Há mesmo quem diga que um quadradinho de chocolate por dia traz benefícios. Por mim, concordo, e até como dois pedacitos diários, só para reiterar a minha posição. E porque o chocolate tem o poder mágico de reduzir os dramas humanos à sua devida proporção. Valem quase nada, quando pensados na espuma dos dias.

            É maravilhoso que todos tenhamos direito a chocolate. Mas como em tudo na vida é preciso perceber se outros estão a pagar injustamente a nossa porção. A indústria do chocolate tem sofrido acusações várias, incluindo a de se aproveitar do trabalho infantil para conseguir preços mais baixos. Isto perturba-me deveras, confesso. Malgré moi, tenho um espírito romântico que não consegue ver as injustiças desta vida com o mesmo olhar displicente dos grande senhores e senhoras deste mundo para quem, o facto de dormirem em lençóis de linha egípcio enquanto os fazedores dos mesmos se deitam numa enxerga não encerra qualquer problema de consciência ou amargo de boca. 

Foi o incómodo sentido que me conduziu na busca do chocolate saboroso, fair trade e, em momento subsequente, também vegano. É um trabalho intenso, uma missão, posso dizê-lo, que está longe de estar terminado. De momento, estes são os meus favoritos, todos disponíveis em Portugal. Digam lá se não são lindos?

       O primeiro lugar no top, para mim, é dos chocolates da Nau de Cacau. A marca é portuguesa e utiliza chocolate de vários países, como São Tomé e Príncipe, Equador, República Dominicana. Nem todos os chocolates são vegan, mas todos são produzidos de forma sustentada e com respeito pelos direitos daqueles que participam no processo de produção. Os meus favoritos são “Flor de Sal do Algarve”, “Pimenta da Jamaica” e “Gengibre de Fiji”.

       Da Bulgária com amor chegam os chocolates Benjamíssimo. Duas coisinhas a reter: inovação (como esta inesperada, mas abençoada mistura de curcuma e limão) e sabores maravilhosos. Pensamos “isto, em chocolate?”, depois provamos e concluímos “sim, isto em chocolate.”

          Os chocolates Ombar são também uma experiência a reter. Estas barrinhas que vos mostrou são pequenas, mas descansem os vossos coraçõezinhos que também as há maiores. De chocolate negro ou de mistura (com cocô, baunilha, amêndoa), os seus quadradinhos derretem-se nas nossas bocas em menos de um ai.

            E, por último (ao menos por hoje), deixem-me falar vos dos Love Raw (amor cru, um certo toque selvagem que por estes dias de confinamento nos dão aquele toque de emoção que vai faltando). Recebi uns há poucos dias, oferta de uma alma sensível que se solidarizou com a minha busca. E, diga-se, caíram-me que nem ginjas. O da fotografia tem uma mistura vencedora (cacau e manteiga de amendoim), mas também os há com leite (vegetal) e recheio de avelã ou caramelo salgado. O difícil é escolher. Talvez não valha a pena, pensando bem. É estafado falar aqui da mãe de Forrest Gump, mas ela tinha razão. A vida é como uma caixa de chocolates, nunca sabemos o que nos vai calhar. Por isso, talvez seja melhor dispô-los em cima da mesa, fechar os olhos e deixar que a sorte nos conduza ao nosso destino com sabor a chocolate. Por hoje é isto, meus caros! 

            PS: Não, esta publicação não é patrocinada. Ninguém nos ofereceu nada, mas mesmo que tivesse oferecido, não aceitamos. A política deste blogue é pagar tudo o que comemos e também aquilo que deixamos no prato. 

Comentários

  1. Muito bom ☺️ Era interessante saber onde encontrar esses chocolates para degustar e experimentar umas receitas 🤭

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Olá Ana, estes chocolates foram comprados em lojas Celeiro. Mas supomos que também se vendem na generalidade dos supermercados.

      Eliminar
  2. Muito bom ☺️ Era interessante saber onde encontrar esses chocolates para degustar e experimentar umas receitas 🤭

    ResponderEliminar

Enviar um comentário

Mensagens populares