The Treasure Island
A gastronomia da ilha é surpreendente.
É
original e com diversidade. Encontramos frutas que não existem no continente
tais como banana-maracujá, pitangas, papaias com fartura e goiabas entre muitas
outras.
Vendem-se
na rua e no Mercado dos Lavradores.
Adorava
ver o Anthony Bourdain do “No reservations” por aqui. Estou certo que ficaria
por cá durante uma boa temporada. Já no que toca ao Gordon Ramsay, a este
aconselhava-o a ter tento na língua com os locais, pois caso se armasse em
parvo com algum cozinheiro de Câmara de Lobos ou do Caniçal arriscava-se a ser
servido (e bem, refira-se) entre duas fatias de bolo do caco, como prato e no
dia seguinte.
Por
falar em bolo do caco, este é uma instituição. Come-se em todo o lado, com
chouriço, simples, com manteiga de alho e serve para substituir a tradicional
carcaça ou papo-seco nos pregos, bifanas, carne em vinha d’alhos, etc. É barato
e dá para substituir uma refeição (mesmo para os mais alarves).
Quanto
às pitangas as mesmas são deliciosas muito embora custem a módica quantia de 34
euros o quilo …, enfim, perguntei ao vendedor se me vendia apenas uma para
provar e ele respondeu-me que não, não me vendia mas que oferecia uma pois não
era homem para vender uma pitanga só a quem nunca tinha provado. Fruta
deliciosa mesmo.
De
salientar as sandes de carne em vinha d’alhos em bolo do caco as quais são
deliciosas, macias e tenrinhas mas confesso que dão uma sede diabólica. Convém
beber muitos líquidos durante e depois, de preferência água pois provocam o
chamado “efeito esponja” no nosso organismo. Parece que absorvem os líquidos
todos que temos dentro de nós.
Para
os mais bravos, nada como a poncha tradicional ou à pescador as quais são
impossíveis de beber, pelo menos para mim e não me considero nenhuma flor de
estufa. Imagino os locais a beber poncha tradicional antes de expulsarem os
corsários franceses da praia formosa em 1566 e ninguém me tira da cabeça que
foi a mesma que lhes deu forças para correr com o Monsieur Bertrand Montluc da
sua costa. Confesso que as provei pela primeira vez no baile da paróquia do
Estreito de Câmara de Lobos e eu próprio fiquei com vontade de correr com
corsários franceses das costas da praia formosa, mesmo que estes não existissem
de todo. Se lá chegasse e não vislumbrasse, teria de correr com os banhistas ou
com qualquer outra pessoa porque a poncha tradicional é assim, faz nascer o
Viking (ou o Vilão) que há em nós.
Picado
pequeno ou grande, recomendável para convívios. Provar à confiança e sem medos.
Para quem gosta de futebol (o que não é o meu caso), é ideal para pedir enquanto
se assiste a um jogo, na televisão, numa tasca qualquer.
Por
fim, sandes de polvo ou de espada as quais são deliciosas. Parece estranho mas
é genuinamente recomendável. O Anthony Bourdain iria amar e o Gordon Ramsay,
provavelmente, depois de fazer um ar critico acabaria servido em postas no dia
seguinte com um grande prejuízo para a humanidade.
Apenas
duas críticas:
Sandes
de gaiado e empanadas.
Depois
de as provar passei a compreender a diáspora madeirense, assim como todas as
restantes diásporas mundiais. Só me apetecia fugir sem pagar.
No
mais, é uma descoberta de sabores com muita dificuldade em encontrar o seu fim.
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