Gungunhana "curte" cenas internacionais.


 

Estou para escrever sobre fish & chips há bastante, mas, confesso, falta-me alguma inspiração.

Sendo prático, optei por desabafar sobre algumas experiências internacionais, as quais, tais como o fish & chips, podem despertar nos nossos seguidores (gosto de acreditar que eles existem …) um certo saudosismo por isso, porque não falar sobre “cenas” que Gungunhana comeu no estrangeiro ou cá, mas sempre com inspiração internacional. Para isso, inspirei-me em Lucrécia - not quite Bórgia, a qual, felizmente, nunca teve problemas em escrever sobre iguarias que, para ela, não faziam qualquer sentido assim como em Cat as in Sforza, que não receia saborear o fogo, tal como, em tempos, escreveu.

Assumindo esta premissa, começo pela couve roxa ou, como os habitantes da grande nação germânica lhe chamam, Rotkohl.

Quanto a esta, cruzei-me com a mesma quando tinha doze anos de idade, aquando de uma viagem com os meus pais e irmãs (sim, Gungunhana tem família …) à Alemanha, na altura denominada República Federal Alemã, onde pernoitámos em casa de uma prima casada com um alemão. A mesma, carregada de excelentes intenções serviu-me uma salsicha acompanhada de uma couve roxa a qual, eu quando a vi pensei “ninguém me vai obrigar a comer isto” (estou a falar da couve roxa …). Enfim, digamos que comi e calei pois, na época, a autoridade parental era um pouco diferente de hoje em dia.

Quanto à segunda experiência internacional, há que trazer à memória a história do ursinho cantada pelos Ena pá 2000. Sim, foi assim que me senti em Jerez de La Frontera após provar o regurgitar da baleia a que um bar chamou de “menú de tapas”. Sim, digamos que a experiência, apesar de fazer parte da minha curva de aprendizagem, foi semelhante a um encontro não desejado com um papa-formigas africano. Foi desagradável e ligeiramente impróprio para cardíacos.

Senti que por pouco, iria fazer companhia à Duquesa D’Alba (ou pelo menos ficava com uma cara semelhante à mesma) pois aquele material deveria ser feito de uma substância parecida com aquela que o Francisco Franco, Caudillo de Espanha usava para bombardear o Alcazar de Toledo. Abriu mais buracos no meu organismo do que aqueles que a natureza me deu.

Sobrevivi com a certeza que o empregado de mesa ganhou a noite não só, porque com uma refeição só, conseguiu despachar toda a carga de “whiskas saquetas”, guano (ou nitrato do Chile para os mais eruditos), miolos de macaco (lembrei-me agora do filme do Indiana Jones), e todo o material de construção civil que tinha em stock como também o fez a um tuga que comeu e calou (confesso que o gajo era intimidante e já me imaginava com um par de bandarilhas espetado nas minhas costas caso reclamasse).

Por fim, em terras lusas, a conselho de um amigo inglês procurei um local onde, na sua opinião, serviam aquilo a que o mesmo chamava de “top food”, a saber, na sua opinião, fish & chips. Vi-me em dificuldades para lá chegar pois o gps conduzia-me a um local em Alcântara que, em sede de primeira aparência, parecia abandonado. Na realidade, pareceu-me uma experiência maçónica na qual, a procura do conhecimento envolvia sempre, naturalmente, um labirinto.

Depois de algumas interrogações, consegui ser atendido por um “bife” muito simpático o qual me deu a optar entre “Codfish” ou “Haddok” sempre com pronúncia de quem já trabalhou nas docas de Liverpool oferecendo-me uma cerveja artesanal de fabrico próprio. Nunca pensei em dizer isto, mas foi muito bom pois a dose servia para duas pessoas, sendo o fish delicioso com as suas chips em jeito de pecado da gula.

Para quem já provou fish & chips, como eu (já fui enganado em Londres …), sou a crer que dificilmente encontram algo tão compensador com o do “The Chippy Lisbon” pois as doses compensam qualquer estado de alma, assim como a alegria de quem nos recebe com a atitude visível de quem está a tentar lançar, em Lisboa, algo que ainda não vingou, mas que, dependendo dele, compensará.

Para quem gosta de comida de classe operária do Reino Unido recomendo, de preferência acompanhado das suas chips e, se possível, enquanto se escuta “The Smiths” pois, não sei porquê, com eles sabe tudo um pouco melhor.

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