Nas garras do Mandarim
As
aventuras de Jack Burton nas garras do Mandarim.
Para
aqueles em que as suas melhores memórias se cifram algures entre 1980 e 1989
(1990 já não conta …) as aventuras de Jack Burton nas garras do Mandarim
representam o tudo e o nada. Tudo, pois a pelicula em questão envolve diversos
clichés adoráveis sobre a cultura chinesa, desde os espíritos malignos até aos
golpes de kung-fu que eu adorava poder praticar mas que tenho dúvidas sobre se
algum ser humano os consegue, na realidade, fazer. Nada, pois a personagem
principal é um camionista da famosa “working class” americana que resolve tudo
com um par de murros e com uma postura, no meu modesto entender, ainda mais
intimidante do que os monstrinhos orientais que surgem de quando em quando no
filme em apreço. Confesso que se tivesse de escolher com quem jantar,
nomeadamente entre a companhia da personagem representada por Kurt Russel, a
saber, o camionista Jack e o chinês malvado representado por James Hong, a
saber, David Lo Pan, escolhia, de imediato, o segundo (talvez por uma certa
identidade de espirito e falta de pachorra para gajos como o Kurt Russel).
E
assim seria. O episódio de “Na mesa com Lo Pan” (o chinês malvado) teria de
acontecer no Restaurante Mandarim, no Casino Estoril, pois estou certo que só
aí é que este se sentiria, de facto, em casa.
Esqueçam
a galinha frita com amêndoas ou o pato à Pequim (se os quiserem, lás estarão
para vocês, mas seria como ir a Itália e pedir uma pizza margarita).
Aventurem-se em pratos com os quais nunca se cruzaram e em combinações que
desafiam as leis da lógica. Façam magia (oriental, claro) com o vosso palato e
provem pepino do mar (sim, aquelas coisas que parecem lesmas e que se arrastam
no fundo do mar) ou a verdadeira sopa de ninho de andorinha.
Um
pequeno conselho: se enveredarem por esse caminho assegurem-se que é o chinês
malvado que vos paga a conta, pois tais pratos rondam os 75 euros cada.
Se
o mesmo vos ignorar após tal solicitação, fiquem-se pelo caranguejo com
espargos pois os empregados de mesa (simpatiquíssimos por sinal) esclarecem
logo, e de imediato, que tal iguaria é muito apreciada por clientes chineses,
mas pouco por portugueses (afirmação que me fez de imediato optar por avançar
com a encomenda). Não se gosta de imediato, mas com algum esforço vai ao lugar.
Apreciem
e aproveitem a companhia do chinês malvado.
Caso
este não aceite o convite para jantar, façam-se acompanhar de outra companhia
carismática pois o local em questão só faz magia (tal como no filme) se e
quando estamos bem acompanhados.
Um
aviso apenas, não vale a pena convidar o Kurt Russel pois reservem esse e a sua
personagem (Jack) para quando forem comer um cozido a Canal Caveira.
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