Ter amigos pelos quatro cantos do país tem, sem dúvida,
muitas vantagens! Não só nas férias, onde cabe sempre mais um - uma cama, um
prato na mesa, uma toalha por baixo do chapéu de sol ou uma bola de Berlim -
,como nas épocas festivas, quando a distância não é impedimento para ter à mesa
iguarias de qualquer parte.
Ora, a época que se aproxima - a Páscoa - é rica
especialmente em folares - dos salgados aos doces é possível fazer uma
"Volta a Portugal em Folar", sem que o camisola amarela tenha de ser
o Joaquim Agostinho., aliás, ainda que pedalasse, a camisola ficar-lhe-ía
apertada depois de tanto folar. Sabe-se que quanto mais para Sul, mais doce ele
fica.
Frida é gulosa! Muito
gulosa! Tão gulosa que tratou de telefonar aos seus amigos algarvios para que
lhe enviassem um folar. Naquela região a Sul do país há uma variedade enorme
destas bombas calóricas, uns mais melosos, outros mais secos, outros ainda com
um ovo cozido espetado no meio - o qual dispenso, obrigada! -, mas todos doces.
Alguns, muito doces - bastante apropriados à gulodice de Frida.
Estes amigos há umas semanas que aguardavam o meu
telefonema, e apenas não se anteciparam ao pedido pois temeram apanhá-la a meio
de alguma crise de hiperglicemia, entre um Jesuita de Santo Tirso e um pastel
de feijão de Torres Vedras…
Frida - eu! para que não haja dúvidas - telefonou
“ójamigues” e sem ter que implorar muito, conseguiu o que queria: um folar
enrolado. E o que é isso de folar enrolado? A massa, depois de horas a levedar
dentro de uma bacia de barro tapada com um cobertor, é estendida no sentido do
comprimento, em forma de um imenso retângulo; depois, é barrada com manteiga,
açúcar e canela. No final, enrola-se a
tira com o recheio virado para dentro e leva-se ao forno num tacho de alumínio
também ele generosamente untado com manteiga depois de ter sido coberto com
mais uma quantidade proibitiva de açúcar, manteiga e canela. O resultado é
semelhante a uma brilhante e pegajosa bomba de açúcar capaz de rebentar com
qualquer fígado.
Não chegou quente, que o caminho foi longo, o que é de
lamentar, porém desapareceu numa dentada! Vinha bem embrulhado em celofane,
para não secar e para não perder nem uma gota daquele caramelo amanteigado
carregado de canela que escorre entre a massa. Só de escrever fica-se com as
papilas gustativas aos saltos e as glândulas salivares entram num modo de
hiperactividade.
Diz-se que este folar foi popularizado por uma tal de
Eugénia Rica que, para sobreviver a uma crise familiar, deu os braços ao
manifesto e começou a fazer e a comercializar a receita de sua mãe. Que Deus as
tenha em bom lugar! Amén!
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