A subtil arte do dim sum: Aura DimSum Lab

 


Dim sum são pequenos pratos chineses, com grande variedade de ingredientes, formas de cozinhar, texturas e sabores. Podem ser doces ou amargos, cozidos, fritos ou levados ao forno, com recheio de vegetais, carne ou peixe. Tradicionalmente são comidos ao pequeno-almoço, o que explica porque na sua confecção estão integrados os sete elementos que a cozinha chinesa considera essenciais ao ser humano para o início de cada dia: lenha, sal, arroz, molho, vinagre, óleo e chá. Este último é a bebida de eleição para acompanhar dos dim sum. São originários de Cantão, mas existem na cozinha de outras regiões da China. Há-os aos milhares e poderia organizar-se uma volta à china em dim sums, sem correr o risco de repetição ou fastio (à atenção de Gungunhana). Acresce que há muito saltaram do pequeno-almoço para todas as outras refeições. Se forem a Xangai recomendo o Nanxiang Steam Bun, onde pela primeira vez tive o prazer de partilhar dim sum. Mas, como as viagens a terras de Confúcio não se mostram muito recomendáveis por estes dias, vale a pena explorar algumas opções aqui pelo burgo. O Aura DimSumLab, que conjuga tradição com experimentação, é uma dessas possibilidades.

 Quando entramos no Aura deixamos Lisboa para trás. O espaço é pequeno (reserva é essencial) e a decoração remete-nos imediatamente para uma casa de chá/taberna nos confins da China, onde entramos para restabelecer forças e saborear uma boa refeição. Há mesas e lugares ao balcão. Neste último estão dispostos de forma a dar espaço e privacidade aos diferentes grupos que ali se sentam, pensados para dois convivas (embora facilmente se possa arranjar o espaço para apenas um ou três). Por acaso, fiquei a pensar que ir ao Aura a solo deve fazer voar a nossa imaginação para as mil aventuras dos antigos comerciantes chineses, clientes privilegiados deste tipo de espaços. Mas isso seria matéria para outra crónica. Voltando a esta refiro ainda a eficiência do serviço, atento sem ser chato.

Vista a lista, seleccionei (seguindo o conselho sábio da empregada) dim sum ao vapor, seguido de uma porção frita e, por último, um outro grupo com maior grau de fritura. Os primeiros são uma ode a essa prenda da natureza que são os cogumelos. Ultrapassada a maciez da massa as minhas papilas gustativas pressentem três qualidades daqueles: ostra rei, shimeji e shiitake, às voltas com chalotas e cebolinho. Para além de muito bonitos, eram muito saborosos. O mesmo sucedeu com os dim sum recheados de tofu com caril vermelho e com a terceira vaga, composta por dim sum de batata doce. 



A cozinha chinesa tradicional procura salvaguardar o equilíbrio entre o yin e yang. Não sendo especialista, penso que estes pratos conseguem isso mesmo. Pelo menos eu saí em equilíbrio.

Apesar de ser uma refeição partilhada, devo dizer que apenas o meu sentido de dever para com os poucos, mas dedicados leitores das minhas palavras, me levou a pedir sobremesa. Achei que só assim cumpro o meu dever de cronista de que tenho andado algo arredada (mas não esquecida). O gelado parecia convidativo. Todavia, não consigo resistir a nada que tenha banana e canela, pelo que acabei por escolher o pudim de tapioca enriquecido por aqueles dois ingredientes. E, apesar de ter ouvido palavras entusiásticas, quanto ao gelado, não me arrependi da escolha. O pudim morno e doce foi uma opção perfeita para finalizar uma refeição que já desejava há algum tempo e que não desmereceu essa antecipação.

Quanto ao preço, posso dizer que também aqui as expectativas se cumpriram: é honesto. Nos tempos que correm não é dizer coisa pouca.

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