Um galo em Parises
E o que lá foi fazer? Passear, dormir e...comer! É que Frida é, não só gulosa, mas também comilona!
Eu até posso ir a Paris comer um croissant digno de estrelas do senhor dos pneus, mas se vos confidenciasse que em plena serra algarvia posso comer o mais maravilhoso ensopado de galo que alguma vez passou pelo meu prato, não estaria a mentir. Onde? Em Parises!
É preciso encomendar, pois caso não o fizesse corria o risco de não ter almoço. A verdade é que nunca faltará nada na mesa, pois a chouriça e o presunto caseiros, o pão e o queijo fresco estão garantidos.
De véspera pedi galo e à hora a que cheguei, o bicho não só já tinha cantado como tinha sido morto, depenado e cozinhado. Para a mesa, depois do tal queijo fresco com mel, do presunto lascado, da paiola e das azeitonas preparadas no local, chegou, primeiro, uma canja e só depois, o belo do galo.
Ensopado de galo! - com batata, feijão verde, cenoura e pão caseiro. Um puro deleite.
O perfume que fumegava da travessa deixava adivinhar a oitava maravilha da Serra do Caldeirão e não me enganei. A carne, além de muito saborosa, desfazia-se entre a faca e o garfo e, na boca, parecia manteiga. Que maravilha! Que perdição! De comer e chorar por mais! Não há lugares comuns, adjectivos ou epítetos suficientes para descrever o que me veio para o prato.
Depois do galo, o Sr. Fontes ainda me ofereceu bife de atum de cebolada e um cozido de feijão com abóbora.
Já no final do repasto, começou a vir da cozinha um calor de batata doce no forno. Nem queria acreditar! Sim, a D. Teresinha estivera a assar batatas em exclusivo para a minha mesa - que, por sinal, era a única ocupada naquela sala que podia ser a casa de jantar dos proprietários. E como as batatas ainda estivessem quentes, o que poderia causar queimaduras, havia que entreter o palato com algo: marmelada caseira, pudim de ovos, queijo fresco e figos - uns secos e outros torrados -, pão de ló e café.
Ah, e o medronho? Não podia faltar! Tão forte que qualquer nariz congestionado ficaria fresco que nem uma alface. Sinto a garganta a arder só de me lembrar.
Ao fim de algumas horas a conta foi pedida. De certeza que o valor foi atirado para o ar, como quem tira números numa sala de bingo. Calhou-me a sorte de o número não ser muito alto, porém àquele valor poderia, facilmente, ter sido acrescentado um um - ou um dois - à esquerda, e não teria sido caro.
Voltarei? A Parises, com certeza! Ficou apalavrado que seria javali.
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