Gungunhana torna-se hipster
Não,
o Gungunhana não se tornou hipster. O título é enganador pois Gungunhana está
para o movimento hipster como o Sancho Pança está para o ballet clássico, mas
enfim, há que tentar chamar as atenções da melhor forma possível, sobretudo
depois de percorrer alguns restaurantes no Chiado, em Lisboa.
Como
fazer crítica a um restaurante onde nunca se comeu?
Tudo
começou numa quarta feira ao final do dia, em que Gungunhana procurou,
devidamente acompanhado, jantar na Taberna da Rua das Flores, junto ao Largo
Camões, em Lisboa. Recomendado por quem o conhecia (e bem), o mesmo prometia
uma experiência inesquecível pois, de acordo com a história, o restaurante era
muito pequeno, com pratos tradicionais e com preços próximos dos que se praticavam
em Lisboa de há vinte anos. Não fosse a sua popularidade avassaladora (e julgo
que merecida) tudo estaria muito bem pois, a dita popularidade determinou que o
restaurante em apreço tivesse uma “fila de espera para a fila de espera”. Ou
seja, era necessário esperar um período de tempo indeterminado numa fila até se
alcançar a fila de espera, sendo que esta última, por sua vez, tinha um tempo
de espera aproximado de 1 hora e 30 minutos.
Ficou
com a sensação que tal experiência poderia ser algo semelhante àquela que os
fãs da Madonna têm quando aguardam uma noite inteira para comprar um bilhete
para o seu concerto ou, quiçá, semelhante a um ritual maçónico no qual nos
obrigam a percorrer um caminho labiríntico até se alcançar um conhecimento
simbólico.
Gungunhana
saiu frustradíssimo pois, até o empregado que lhe transmitiu o conceito de
“fila para a fila” lhe pareceu fixe. O espaço pequeno em jeito de taberna
adorável permitia almejar com o conforto do mesmo muito embora apenas o tivesse
vislumbrado pela porta entreaberta.
Para
quem quer ter uma boa oportunidade de negócio, poderá sempre abrir um
restaurante ao lado do mesmo com um slogan sugestivo do género “Não conseguiu
mesa na Taberna da Rua das Flores? Seja bem-vindo!”.
Logo,
e uma vez que a Taberna não faz reservas, Gungunhana está certo que irá
regressar à mesma, de preferência às seis da tarde (hora a que abre) para
insistir com a experiência, pois, a porta entreaberta que dá acesso à sua sala
permitiu plantar a sementinha da curiosidade e esta, uma vez plantada irá
germinar, mais tarde ou mais cedo, com um opíparo jantar.
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